O parto prematuro é a principal causa da mortalidade infantil no mundo e o Brasil ocupa a décima colocação nesse ranking. Entretanto, nos últimos 10 anos, o país vem apresentando ligeira queda na taxa de nascimentos de prematuros
Segundo o relatório “Nascido cedo demais: década de ação contra o parto prematuro (Born Too Soon)”, divulgado na África do Sul, em maio deste ano, durante a Conferência Internacional de Saúde Materno Infantil/2023, em 2010 cerca de 12% do total de nascimentos acontecia de forma precoce. Em 2020, esse número caiu para 11,1%. Apesar da ligeira queda, esses números ainda são elevados e representam a principal causa de mortalidade infantil no mundo. Diante dessa grave realidade, segundo a médica pediatra, Dra Rairine Faleiro, “todo casal que deseja ter um filho deve iniciar o pré-natal precocemente e assim identificar possíveis riscos da gestação e prevenir o parto prematuro”.
Causas da prematuridade – Conforme explica a médica, as causas da prematuridade são várias. “Entre elas, podemos citar a gestação múltipla, tabagismo, uso de álcool na gravidez, a insuficiência placentária (quando a placenta não consegue nutrir o feto), doenças maternas, como diabetes e hipertensão e infecção materna”.
A Dra. Rairine Faleiro explica que todo bebê que nasce com menos de 37 semanas. A prematuridade é classificada como extrema quando o bebê nasce com menos de 28 semanas, muito prematuros, que nascem entre 28 e 31 semanas e 6 dias, moderados, que nascem entre 32 e 33 semanas e 6 dias e prematuros tardios, nascidos entre 34 e 36 semanas e 6 dias.
A permanência de um bebê prematuro no hospital depende da idade gestacional que ele nasce. Quanto mais prematuro, maior o tempo de internação. Os pais devem lembrar que o bebê terminará seu amadurecimento fora do útero, o que leva tempo e envolve desafios. Uma boa estimativa da alta hospitalar seria a data provável do parto – data marcada para o nascimento do bebê. Ou seja, um bebê prematuro extremo pode permanecer internado 3 ou 4 meses para crescer e se desenvolver.
De acordo com a médica, a prematuridade implica vários cuidados e atenção. O primeiro, a prevenção do parto prematuro, é a medida mais efetiva para reduzir a prematuridade e envolve conscientização da população e dos profissionais de saúde, ações de saúde pública e acesso a serviços de qualidade. O segundo é o cuidado com o prematuro que já nasceu, área de atuação do grupo Neocenter que envolve uma estrutura preparada para receber esses pequenos pacientes, equipe multidisciplinar, profissionais atualizados e participação da família nas rotinas e decisões. Já o terceiro cuidado, a conscientização da sociedade ao receber esse indivíduo na comunidade, abrange desde a rede de apoio para a família a serviços de reabilitação e capacitação de professores e cuidadores.
Dentro do quadro de prematuridade, os bebês prematuros extremos têm maior risco de desenvolver complicações como displasia broncopulmonar, retinopatia, hemorragia intraventricular e leucomalácia periventricular. Esses desfechos, repito, “vêm diminuindo a cada ano”. Já a sobrevida, acrescenta, é menor nos prematuros extremos, cuja taxa gira em torno de 85%. Se considerarmos apenas os bebês entre 24 a 26 semanas, essa número cai para 60%.
Para a Dra. Rairine Faleiro, “a sobrevivência não é o nosso ponto final, mas sobreviver com qualidade nos importa tanto quanto”. Hoje, a medicina tem evoluído bastante na atenção ao prematuro. Podemos citar duas grandes medidas que auxiliam no desenvolvimento do bebê prematuro – o corticoide materno, administrado durante a gestação quando há risco de parto prematuro e auxilia no amadurecimento pulmonar e o surfactante, medicamento usado após o nascimento diretamente nos pulmões desses recém-nascidos. Outros fatores como ventiladores e equipamentos modernos, bem como profissionais especializados, também têm feito enorme diferença no desfecho desses pacientes.
Sobre os pais dos bebês prematuros, ela destaca que “sua participação é essencial na rotina de um UTI neonatal. Seja através de um toque, colo ou leite materno ordenhado a beira leito, sua presença ajuda no desenvolvimento e melhor evolução do bebê.”