Cardiopatias congênitas: diagnóstico precoce pode salvar vidas desde o primeiro minuto

Postado na categoria Artigos em e atualizado em 12 de junho de 2025


As cardiopatias congênitas são malformações do coração presentes desde o nascimento. Algumas são discretas e se resolvem naturalmente. Outras, no entanto, exigem ação imediata, às vezes já nas primeiras horas de vida. Quando falamos de coração, imaginamos força, vida e movimento. Mas e quando ele começa a bater ainda dentro do útero, já com problemas em sua formação? 

Segundo a Dra. Caroline Máximo, diretora clínica do Neocenter Felício Rocho, “a cardiopatia congênita é uma das principais causas de mortalidade em recém-nascidos. Estima-se que a cada 100 bebês nascidos vivos no mundo, 1 nasce com algum tipo de cardiopatia congênita. No Brasil, isso representa cerca de 30 mil novos casos por ano.”

Cardiopatias congênitas e sua gravidade

Como já pontuado, as cardiopatias congênitas são falhas no desenvolvimento do coração ainda durante a gestação. Essas alterações podem comprometer o fluxo sanguíneo normal, afetar a oxigenação do corpo e exigir diferentes níveis de atenção médica. “Elas surgem por alterações no desenvolvimento cardíaco durante a gestação e podem variar de quadros leves, que se resolvem sozinhos, até formas graves que exigem cirurgia nos primeiros dias de vida”, revela Dra Caroline.

Adicionalmente, ela conta que outros casos podem passar despercebidos por meses, até que sintomas como cansaço excessivo, dificuldades para mamar ou ganho de peso insuficiente comecem a aparecer.

Diagnóstico

O diagnóstico precoce é uma verdadeira corrida contra o tempo, sobretudo, no início da vida. “Quanto antes se descobre uma cardiopatia, maiores são as chances de intervenção adequada e sucesso no tratamento”, reforça a Dra. Caroline Máximo. E esse diagnóstico depende de três grandes ferramentas:

1. ultrassom morfológico

Feito no segundo trimestre de gestação, isto é, entre a 20ª e 24ª semana de gestação, o ultrassom morfológico é o primeiro mapa do desenvolvimento fetal. Ele permite avaliar a formação de órgãos, inclusive o coração. Ele é o primeiro passo para suspeitar de alguma alteração cardíaca.

2. ecocardiograma fetal

O ecocardiograma fetal é um exame específico que analisa detalhadamente o coração do feto. Quando há suspeita de cardiopatia no ultrassom ou fatores de risco (como histórico familiar ou doenças maternas), esse exame ajuda a confirmar o diagnóstico ainda na barriga.

É um exame não invasivo, seguro e decisivo. Ele pode confirmar o diagnóstico e orientar o plano de parto e, sobretudo, os cuidados que o recém-nascido precisará imediatamente após nascer.

3. teste do coraçãozinho

O teste do coraçãozinho é feito após o nascimento, entre 24 e 48 horas de vida, é um exame simples, porém, muito importante. Ele mede a oxigenação do sangue por um oxímetro colocado no pezinho e na mão do bebê. Alterações nos resultados podem indicar a presença de uma cardiopatia grave, mesmo quando ela não foi identificada durante a gestação.

Esse teste é obrigatório em todo o Brasil desde 2014, mas precisa ser levado a sério, com acompanhamento e encaminhamento imediato quando necessário.

O lugar certo para nascer faz toda a diferença

Quando uma cardiopatia congênita é diagnosticada antes do nascimento, a escolha do local onde o bebê nascerá faz toda a diferença. “O planejamento cuidadoso do parto em uma unidade preparada, contando com UTI neonatal, equipe de cardiologia pediátrica e de cirurgia cardiovascular é essencial para garantir o melhor início de vida para o bebê”, explica a Dra. Caroline. Ela reforça que essa atenção garante que o recém-nascido receba a assistência adequada já nos primeiros minutos de vida, o que pode ser determinante para sua sobrevivência e qualidade de vida a longo prazo. Não se trata apenas de nascer, mas de nascer com suporte.

Imagine a diferença entre ter uma equipe pronta, com protocolos definidos e equipamentos à disposição, versus ser surpreendido por uma emergência em um local sem estrutura. Isto é, em situações críticas, minutos valem vidas.

A importância da informação e do acompanhamento

O que os dados mostram é claro: detectar a cardiopatia antes do parto muda o desfecho. A medicina fetal evoluiu muito, e exames como o ecocardiograma estão cada vez mais acessíveis. No entanto, é preciso que as gestantes tenham informação e acesso. Isso exige políticas públicas, mas também atenção dos profissionais e interesse das famílias.

Se há histórico de doenças cardíacas na família, gestações anteriores com complicações, diabetes materna ou infecções como rubéola e toxoplasmose, a investigação deve ser aprofundada. E, além disso, mesmo em gestações aparentemente normais, a realização do ultrassom morfológico no tempo certo é essencial.

Mais do que exames: um direito

Em conclusão, diagnosticar uma cardiopatia congênita não é só um gesto técnico. É uma forma de garantir o direito à vida com dignidade e cuidado desde o início. Resumindo as ponderações da Dra. Caroline: informação, planejamento e estrutura salvam vidas.

Leia também nosso artigo mais aprofundado sobre cardiopatias em recém-nascidos. Acesse aqui.

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