Síndrome de Transfusão Feto-Fetal (STFF): entenda a condição rara que pode afetar gestações gemelares

Postado na categoria Artigos em e atualizado em 18 de novembro de 2025


Introdução

A notícia recente da luta de um casal público contra a Síndrome de Transfusão Feto-Fetal (STFF) emocionou o Brasil e despertou uma dúvida importante: o que exatamente significa essa condição rara que pode atingir gestações de gêmeos que compartilham a mesma placenta?

Mais do que um termo médico, a STFF é uma realidade rara, mas que exige atenção, diagnóstico precoce e cuidado multidisciplinar. Cada batida de coração em uma gestação gemelar é um milagre — e conhecer os riscos e avanços da medicina pode salvar vidas.

O que é a Síndrome de Transfusão Feto-Fetal?

A STFF ocorre apenas em gestações chamadas monocoriônicas, ou seja, quando os bebês compartilham a mesma placenta. Dentro dela, vasos sanguíneos podem se conectar de forma anormal, transferindo sangue de um feto para o outro.

  • O bebê doador recebe menos sangue e pode apresentar crescimento restrito e diminuição do líquido amniótico.
  • O bebê receptor recebe sangue em excesso, podendo sobrecarregar seu coração e acumular líquido amniótico em excesso.

Esse desequilíbrio traz riscos sérios para ambos. Por isso, a vigilância médica é essencial desde o início da gestação.

Como a STFF é diagnosticada?

O diagnóstico da Síndrome de Transfusão Feto-Fetal depende de ultrassonografias obstétricas seriadas, feitas por profissionais especializados em medicina materno-fetal.

📌 O exame de ultrassonografia com Doppler é a principal ferramenta para identificar o desequilíbrio entre os bebês, analisando:

  • volume de líquido amniótico em cada bolsa;
  • fluxos sanguíneos da placenta;
  • diferenças de crescimento entre os fetos.

O diagnóstico costuma ser possível a partir do segundo trimestre da gestação. Quanto antes detectado, maiores as chances de intervenção eficaz.

O acompanhamento em gestações de risco

Quando confirmada a gestação gemelar monocoriônica, o pré-natal deve ser realizado com intervalos mais curtos de consultas e exames. O obstetra de alto risco acompanha de perto a evolução de cada bebê.

Esse cuidado é fundamental porque a STFF pode se instalar rapidamente. Em alguns casos, uma gestante aparentemente estável pode evoluir para complicações em poucos dias.

Além disso, é necessário apoio psicológico. Muitas famílias vivem momentos de medo e ansiedade, e contar com uma equipe acolhedora faz toda a diferença.

Existe tratamento para a STFF?

Sim. Embora rara e complexa, a STFF pode ser tratada.

O principal recurso terapêutico é a cirurgia a laser fetal, um procedimento minimamente invasivo realizado dentro do útero. O objetivo é interromper as comunicações anormais entre os vasos sanguíneos da placenta.

Esse tipo de intervenção é realizado em centros especializados e pode aumentar significativamente as chances de sobrevida de um ou ambos os bebês.

Outros cuidados incluem:

  • internação para monitoramento clínico;
  • amniodrenagem em casos de excesso de líquido amniótico;
  • nascimento planejado em centro com UTI Neonatal de referência.

Prognóstico: esperança e desafios

O prognóstico da STFF depende de vários fatores: estágio em que é diagnosticada, acesso ao tratamento e evolução clínica dos bebês.

Ainda assim, os avanços da medicina fetal nos últimos anos têm aumentado as chances de sucesso. Hoje, famílias podem contar com equipes integradas de obstetrícia, neonatologia e medicina intensiva neonatal, que trabalham lado a lado para garantir o melhor resultado possível.

O papel da informação

Falar sobre a STFF é essencial. Muitas famílias não conhecem essa condição até receberem o diagnóstico. A informação ajuda a:

  • acelerar a busca por centros de referência;
  • reduzir o medo e a desinformação;
  • reforçar a importância do pré-natal especializado em gestações múltiplas.

No Neocenter Maternidade, acreditamos que cada história importa. Por isso, compartilhamos conhecimento com empatia e compromisso com a ciência.

Quando procurar ajuda?

Se você está vivendo uma gestação gemelar, especialmente quando há compartilhamento de placenta, é importante conversar com seu obstetra sobre:

  • a necessidade de ultrassonografias mais frequentes;
  • encaminhamento para especialista em medicina fetal;
  • indicação de centros de referência com UTI Neonatal e equipe preparada para emergências.

Nunca hesite em fazer perguntas ou buscar uma segunda opinião. O tempo, nesse caso, pode ser determinante.

Conclusão

A Síndrome de Transfusão Feto-Fetal é uma condição rara, mas que precisa ser mais conhecida. Cada relato, como o do casal que recentemente mobilizou milhares de pessoas nas redes sociais, reforça a importância da informação como ferramenta de prevenção e esperança.

A mensagem que fica é: com acompanhamento adequado, diagnóstico precoce e acesso a centros especializados, é possível oferecer cuidado, dignidade e amor em cada etapa dessa jornada.

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